No seu regresso à liderança do Banco Nacional de Angola
(BNA) quase três anos depois de lá ter saído, a seu pedido, José de
Lima Massano jurou ontem, diante do Presidente da República, do
Vice-Presidente e dos ministros de Estado, respeitar e fazer as leis e
realizar com zelo e dedicação as funções de governador do BNA.
Durante a tomada de posse, que decorreu no Salão Nobre da Cidade Alta,
José de Lima Massano, comprometeu-se, igualmente, perante a nação a
combater a corrupção e o nepotismo, abstendo-se de práticas e actos que
de alguma forma lesem o interesse público sob pena de ser
responsabilizado civil ou criminalmente.
José de Lima Massano, que
chegou, pela primeira vez ao BNA em 2010, assume o cargo de governador
numa altura em que o país está a enfrentar sérias dificuldades de
divisas e as Reservas Internacionais Líquidas que não param de cair.
Quando assumiu o cargo em 2010, as Reservas Internacionais Líquidas
estavam cifradas em 18.797 milhões de dólares. Em 2015, quando deixou o
cargo as reservas já valiam 24.266 milhões de dólares. Em Junho deste
ano, as reservas caíram para 16.782 milhões de dólares, agravado pela
queda do preço e da baixa das quantidades do petróleo produzido em
Angola.
No seu tempo, José de Lima Massano ainda teve de lidar com o
caso do Banco Espírito Santo Angola (BESA), que teve de ser
intervencionado, passando a Banco Económico com a entrada da Sonangol,
já que as perdas elevadas na carteira de crédito e em outros activos,
não cobertas por provisões, levaram o banco praticamente à falência. Nas
suas primeiras declarações à imprensa, José de Lima Massano prometeu
trabalhar para reforçar e estabilizar o sistema financeiro, aliando a
capacidade técnica à formação dos seus quadros.
O governador do BNA
afirma que há um trabalho a ser feito e que inclui a reposição do poder
de resposta do BNA, reforço da estabilidade do sistema financeiro e ser
parte activa no processo de estabilidade macroeconómica, capaz de
permitir um ambiente de negócios mais favorável para o país. “Estamos
convencidos que com as orientações recebidas e com o espaço de trabalho
que nos é dado, será possível fazermos este percurso”, disse José
Massano. Quanto à aquisição de divisas por parte dos importadores
nacionais, o governador afirmou que de momento o BNA não tem
disponibilidade. José de Lima Massano garante uma gestão cuidada dos
recursos disponíveis. As prioridades, disse, vão para os sectores que
contribuam para a diversificação da economia e redução das importações.
Confiança no governador
Ao
dirigir-se ao empossado, o Presidente da República, João Lourenço,
manifestou confiança no novo governador, de quem considera um homem de
plena responsabilidade e que será capaz de colocar o Banco Nacional de
Angola e a banca angolana ao nível dos padrões exigidos pelas
organizações financeiras e bancárias internacionais. “Confiamos nas
suas qualidades intelectuais, profissionais, de homem íntegro e
trabalhador e por esta razão acreditamos que, com a equipa que vai
necessariamente constituir, vamos vencer esta batalha”, afirmou o
Presidente da República, para garantir que o Executivo vai criar todas
as condições para o êxito da missão do governador do BNA. João Lourenço
acrescentou: “daqui para a frente, quando se falar de boa governação, a
mesma passe também pelo bom funcionamento do banco central e da banca
angolana de uma forma geral”.
No seu discurso à nação, o Presidente da República
prometeu não descansar “enquanto o país não tiver um Banco Central que
cumpra estritamente e de forma competente com o papel que lhe compete,
sendo governado por profissionais da área”.
João Lourenço prometeu
encontrar “os melhores mecanismos para que as escassas divisas
disponíveis deixem de beneficiar apenas a um grupo reduzido de empresas e
passem a beneficiar os grandes importadores de bens de consumo e de
matérias primas e equipamentos que garantam o fomento da produção
nacional”. “Importa impedir que a venda directa de divisas seja uma
forma encapotada de exportação de capitais sem o correspondente
benefício para o país”, disse o Presidente da República, para
acrescentar que a mudança da estrutura de financiamento da economia tem
de ser efectiva, para que as metas em termos da criação de novos
empregos sejam plenamente alcançadas.
O Presidente da República
afirmou que o sistema bancário nacional deve desempenhar o seu papel,
concedendo crédito ao empresariado nacional que reúna as condições
exigidas para tal. João Lourenço prometeu trabalhar com o BNA, para que
“se prossiga e consolide o processo de adequação do sistema financeiro e
bancário nacional às normas e padrões das instituições financeiras
internacionais e se intensifique o controlo efectivo dos meios de
pagamento, o restabelecimento das relações da banca nacional com os
bancos correspondentes e se efective a reestruturação e saneamento dos
bancos com insuficiências estruturais de liquidez”.
Melhorar a relação com as instituições financeiras
José de Lima
Massano encontra grandes desafios neste seu regresso ao BNA,
principalmente para a consolidação e robustez da política monetária e
cambial.
Até ao final do próximo mês, o BNA deve, com o Ministério
das Finanças, elaborar um eficaz e credível programa de estabilização
Macroeconómica, contendo medidas financeiras e estruturais. As duas
instituições devem também, até Dezembro, adoptar um regime cambial de
flutuação administrada dentro de uma banda compatível com a meta de
inflação e o nível das Reservas Internacionais Líquidas que assegure,
pelo menos, oito meses de importação. Outras medidas a serem
implementadas até ao final deste mês são passar para os leilões livres
as operações privadas (viagens, assistência familiar, ensino e saúde) e
para bens não essenciais.
Os pagamentos de importações vão passar a
ser feitos só por via de cartas de crédito. Ao mesmo tempo, passam a
estar proibidas as transferências para destinos considerados paraísos
fiscais. Para estas medidas, o BNA vai coordenar com o Ministério das
Finanças, Ministério da Economia e do Planeamento e o Ministério do
Comércio.
Até o fim do próximo mês, o BNA deve reavaliar a posição
da política monetária e ajustar a taxa de juros de referência,
perseguindo a estabilidade dos preços e do sistema financeiro.
01/11/2017
José Massano promete dar credibilidade aos bancos
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