Por unanimidade, o Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou nesta
quinta-feira (23) recurso para anular a decisão que abriu ação penal e
tornou réu o ex-deputado federal Eduardo Cunha nas investigações da
Operação Lava Jato. Desde a cassação de Cunha, o processo está em
tramitação na 13ª Vara Federal em Curitiba, sob o comando do juiz
federal Sérgio Moro, e apura se o ex-parlamentar recebeu R$ 5 milhões de
propina em contas não declaradas na Suíça.
A denúncia foi
apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao STF em março
do ano passado, quando Cunha tinha foro privilegiado. De acordo com o
processo, o Ministério Público da Suíça enviou ao Brasil documentos que
mostram a origem de aproximadamente R$ 9 milhões encontrados nas contas
atribuídas a Cunha e seus familiares. De acordo com os investigadores da
Lava Jato, os valores são fruto do recebimento de propina em contrato
da Petrobras na compra de um campo de petróleo no Benin, avaliado em
mais de US$ 34 milhões.
Durante o julgamento no STF, a defesa de
Cunha afirmou que o Banco Central nunca regulamentou a obrigatoriedade
de declarar propriedade de um truste no exterior. A advogada Fernanda
Tórtima, representante do deputado, acrescentou que, na Suíça, onde as
contas atribuídas a Cunha foram encontradas, não há obrigação em
declarada.
>> Cunha entra na Justiça para impedir livro com seu nome
Na terça-feira (21), o ex-deputado já havia sofrido uma derrota, ao
ter negado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) mais um pedido de habeas corpus. De acordo com os advogados, a liberdade do ex-presidente da Câmara dos Deputados não traria novos riscos às investigações.
Para
os integrantes do tribunal, a manutenção da prisão preventiva se
justifica, pois o réu "faz parte de um sistêmico e profissional esquema
de corrupção" que trouxe "prejuízos financeiros milionários" aos cofres
públicos.
Eduardo Cunha está preso desde outubro de 2016, um mês após ter tido seu mandato de deputado cassado na Câmara.
Esta
não é a primeira vez que é negada uma solicitação de liberdade feita
pelo ex-deputado. No mês passado, a maioria dos ministros do Supremo
Tribunal Federal decidiu manter a prisão de Cunha alegando que não houve
ilegalidade na decisão do juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos
da Operação Lava Jato na Justiça Federal.
24/03/2017
Brasil: Supremo mantém ação penal contra Cunha na Lava Jato
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