Os bispos da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST)
elogiaram a forma pacífica como o Presidente José Eduardo dos Santos
está a conduzir o processo de transição presidencial, iniciada com a
indicação de um candidato às eleições deste ano.
A posição foi ontem transmitida ao Chefe de Estado, no Palácio
Presidencial, por uma delegação da CEAST chefiada pelo seu presidente,
D. Filomeno Vieira Dias. “Auguramos uma transição pacífica e que todos
possamos engajar-nos no trabalho em prol do desenvolvimento do nosso
país”, disse à imprensa o vice-presidente e porta-voz da CEAST, D.
Manuel Imbamba.
As relações entre a Igreja e o Estado foi outro
assunto abordado durante a audiência. D. Manuel Imbamba considera a
relação positiva, na medida em que existe um diálogo permanente.
“Servimos a mesma pessoa e queremos juntos encontrar os caminhos que nos
ajudem a incentivar mais a justiça, a dignidade da pessoa humana e
todos aqueles serviços sociais indispensáveis para que a pessoa se sinta
servida nos seus interesses”, disse.
D. Manuel Imbamba anunciou que a
CEAST vai, no final da assembleia iniciada ontem, em Benguela, emitir
um comunicado para incentivar a estabilidade, paz e justiça nas
eleições, bem como à participação condigna de todos os cidadãos.
“Queremos que haja de facto este convívio social que todos esperamos
para o bem do país”, disse D. Manuel Imbamba, para sublinhar que ninguém
se deve sentir excluído do processo.
D. Manuel Imbamba pediu ainda
empenho e envolvimento aos partidos políticos e todos os cidadãos para
que as eleições decorram num ambiente de paz, serenidade, transparência e
justiça e que o resultado seja assumido como um bem para todos. O
processo de transição presidencial em curso em Angola, marcado pelo
anúncio da retirada do Presidente José Eduardo dos Santos da cena
política activa mereceu a atenção dos Chefes de Estado e de Governo da
SADC.
No comunicado final da Cimeira Extraordinária da Comunidade de
Desenvolvimento da África Austral que decorreu em Mbambane, Reino da
Suazilândia, os Chefes de Estado e de Governo elogiaram o Presidente
José Eduardo dos Santos pela contribuição na promoção da agenda política
e económica da SADC e no desenvolvimento social e económico de Angola e
da região.
A cimeira notou que José Eduardo dos Santos está a
retirar-se da presidência e o partido no poder nomeou João Lourenço,
como candidato presidencial nas eleições gerais de Agosto deste ano.
À
margem da cimeira, João Lourenço encontrou-se com o Presidente da
Namíbia, Haga Geingob, do Zimbabwe, Robert Mugabe, da África do Sul,
Jacob Zuma, e de Madagáscar, Hery Rajaonarimampianina. João Lourenço
entregou mensagens aos seus homólogos, relacionadas principalmente com a
decisão de retirar-se da cena política activa.
Em caso de
vitória do MPLA nas eleições, João Lourenço, actual ministro da Defesa,
será o Presidente da República e Bornito de Sousa, hoje, ministro da
Administração do Território, o Vice-Presidente. Os dois nomes tinham
sido aprovados pelo Comité Central já em Dezembro do ano passado,
durante uma reunião no quadro da preparação do partido para participar
nas eleições.
A hipótese de João Lourenço como candidato a
substituir José Eduardo dos Santos começou a ganhar corpo em meados do
ano passado, quando já era ministro da Defesa Nacional. Depois de eleito
vice-presidente do MPLA, em Agosto, durante o VII Congresso Ordinário
do partido, João Lourenço passou a ser o principal e mais cotado
candidato a líder da maior força política angolana. Na sua primeira
declaração pública, em Fevereiro, após ser confirmado, João Lourenço
disse estar “pronto para o desafio” e que a deliberação do Comité
Central foi apenas “o confirmar de algo que a nível da direcção do
partido já era praticamente dado adquirido”.
“Estou preparado para
assumir este desafio, que quer o camarada Presidente José Eduardo dos
Santos, quer o partido, colocam na minha mão”, declarou João Lourenço,
que direccionou o seu discurso para o “muito que há a fazer” para que o
MPLA consiga o seu primeiro grande objectivo que é vencer as eleições.
O
candidato do MPLA comentou eventuais dúvidas em torno da sua
popularidade: “Penso não ser um eterno desconhecido. Sou quadro do
partido há muitos anos e desempenhei muitas funções. Já fui
secretário-geral do partido e nessa condição andei muito pelo país.
Penso que o meu rosto é conhecido e sete meses são suficientes”.
João
Lourenço também falou da sua trajectória militar. “Os desafios são
outros e passam pela consolidação da democracia e o fortalecimento da
economia. O país já não está em guerra, por isso não gostaria de relevar
a minha condição de militar ou de ex-militar”, referiu ao responder a
uma questão sobre a sua trajectória militar.
FONTE: J.A
22/03/2017
Angola: Igreja saúda transição pacífica
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